domingo, 1 de abril de 2012

Neocolonialismo

Industrialização e imperialismo

A Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, criou as condições para a consolidação do capitalismo, que evoluiu, modificou-se e partiu para a dominação política, econômica e cultural da África, da Ásia e da América Latina.

Cresce a produção industrial

Na última metade do século XIX, a economia capitalista tomou grande impulso em função da criação de novas indústrias, do avanço dos transportes e comunicação e do progresso técnico- científico. Todos esses fatores estavam interligados. Assim por exemplo, o progresso técnico-científico levou à utilização de outras fontes de energia (eletricidade e petróleo), contribuindo para a criação de novas indústrias nos setores químico e eletrotécnico. Por sua vez, o desenvolvimento industrial impulsionou a revolução dos transportes (locomotiva, motor a gasolina, automóvel, motor a diesel) e das comunicações (telégrafo, telefone, rádio). Essas inovações técnicas e o progresso dos meios de comunicação foram simultaneamente, efeito e causa do desenvolvimento do capitalismo. Ao mesmo tempo em que resultaram da aplicação de capitais em pesquisa científica, provocaram um fabuloso acúmulo de capitais nos países onde se localizaram, como Inglaterra, Bélgica, França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Japão.
Essas transformações costumam ser caracterizadas como a Segunda Revolução Industrial, cujos os principais resultados foram: a expansão do comércio, a integração do comércio em escala mundial e a aceleração do processo produtivo. Por fim, essa fase foi marcada pela concentração da produção e do capital em torno de grandes empresas.

A produção e o capital

Com o desenvolvimento da industrialização, os gastos para montar e manter uma empresa aumentaram de modo exorbitante. As máquinas e as instalações tornaram-se muito caras. Os serviços de venda, transporte e propaganda, a obtenção de matéria-prima e o pagamento de salários exigiam investimentos cada vez mais numerosos.
Ao mesmo tempo, para enfrentar a concorrência, que também aumentava, era preciso manter os preços baixos. Assim, somente as empresas com grandes reservas de capital puderam resistir. Resultado: assistiu-se, em pouco tempo, a uma crescente concentração da produção e do capital em poucas empresas gigantescas. Era o nascimento dos trustes, holdings e cartéis.
Envolvidas em constantes disputas, as grandes empresas se viram obrigadas a pedir aos bancos empréstimos cada vez maiores. Aproveitando-se disso, os bancos foram se associando a elas. Com o tempo, passaram inclusive, a dirigi-las.
A medida que esse processo se desenrolou, o capitalismo industrial foi cedendo lugar ao capitalismo financeiro: etapa do capitalismo no qual a indústria, o comércio e a agricultura passaram a depender dos bancos.

Nasce o neocolonialismo

Ao decolarem rumo à industrialização, todas as nações capitalistas adotaram um conjunto de medidas protecionistas a fim de reservar seus mercados internos para as suas próprias indústrias. Em conseqüência disso e do crescimento da produção, passaram a necessitar de mercados, matérias-primas e áreas onde pudessem investir com a certeza de obter altos lucros. Decidiram, então, expandir-se em direção à África, à Ásia e a América Latina. O expansionismo dessas nações teve um caráter imperialista e neocolonialista.
O imperialismo consiste na dominação econômica (com reflexos políticos e culturais) de um país sobre o outro. Exemplo: a atuação inglesa no Brasil do século XIX. Já o neocolonialismo significa a dominação total de um país sobre outro. A maioria dos países africanos e asiáticos foi vítima do neocolonialismo, pois seus territórios foram conquistados e submetidos no plano econômico, político, administrativo, militar e cultural.
O colonialismo do século XIX (neocolonialismo), incrementado a partir de 1880, tem por base uma nova divisão econômica e política do mundo pelas potências capitalistas em ascensão. Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha experimentam um auge industrial e econômico a partir de 1870, seguidos pela França e Japão. Itália e Rússia ingressam na via da industrialização nesse mesmo período. Os monopólios e o capital financeiro de cada potência competem acirradamente pelo controle das fontes de matérias-primas e pelos mercados situados fora de seus países.
Na primeira metade do século XIX, a expansão européia foi limitada. A Inglaterra manteve seu domínio sobre a Índia, a parte mais importante de seu império ultramarino remanescente da época moderna e ocupou as cidades do Cabo e de Natal no sul da África. A França iniciou, em 1830, um longo processo de colonização da Argélia (norte da África).
A partir de 1870, o forte crescimento industrial, a intensa competição por mercados, a passagem do capitalismo à fase do capitalismo monopolista e a grave crise econômica de superprodução levaram os governos da Inglaterra, da França, da Alemanha, dos Estados Unidos e mais tarde do Japão a assumirem uma política expansionista em busca de novos mercados e áreas de investimentos, dando origem ao IMPERIALIS MO.
Essa política resultou na repartição quase completa da África na ocupação de vastos territórios da Ásia ou sua subordinação a influência européia.
A burguesia européia, na busca crescente de lucros passou a financiar a exploração de minas, as monoculturas, a eletrificação de cidades e a construção de portos, pontes, canais e ferrovias, a fim de favorecer o setor exportador de cada região sob sua influência. Assim, a dominação econômica de caráter mais geral trazida pelo Imperialismo, acrescentou-se a dominação política, quase sempre estabelecida através da conquista militar, caracterizando uma nova forma de Colonialismo.
Para a burguesia, o Estado que até então existia para preservar a propriedade e a segurança de seus cidadãos, deveria agora apoiar a política imperialista, garantindo o capital investido fora da Europa. "Nesse momento, ela (a burguesia) abandona a postura liberal, ou seja, de não intervenção do Estado em questões econômicas, para preservar sua taxa de lucro, deixando também de ser pacifista e humanista". (Arendt, Hannah. 0 Sistema Totalitário. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1978, p. 201.)
A posse de colônias significava ter o "status" de potência e não possuí-las era reconhecer uma situação de inferioridade em relação aos demais países industrializados. Nesse sentido, o Imperialismo esteve também ligado ao desenvolvimento do nacionalismo e converteu-se numa política nacional seguida pelos Estados europeus, financiados por fundos públicos e apoiada pela criação de aparelhos administrativos nas regiões ocupadas.
Justificando a dominação
Para justificar a dominação sobre os outros povos, os europeus do século XIX usaram três argumentos principais:

1º) O europeu estava destinado a levar a civilização (o progresso técnico-científico e os “bons costumes”) aos povos não europeus.

2º) A “raça branca” é superior às outras (esse argumento está contido nas teorias raciais da época).

3º) As nações cristãs tinham o dever de cristianizar todos os
povos que viviam mergulhados na “superstição” e na barbárie.

Valendo-se desses argumentos elitistas e racistas, as grandes potências industriais exploraram e mataram milhões de nativos da África e da Ásia, enquanto dividiam entre si as riquezas desses vastos continentes.

Tipos de colônia – O neocolonialismo desenvolve política que tem por eixo dois tipos de colônia: as colônias comerciais e as colônias de assentamento. As colônias comerciais devem fornecer matérias-primas e, ao mesmo tempo, constituir-se em mercados privilegiados para produtos e investimentos de capitais das metrópoles. As colônias de assentamento servem de áreas de recepção dos excedentes populacionais das metrópoles.

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